AFETOS E MASCULINIDADES
- semmeiaspalavras
- 14 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Por Renato Morelli
Falar sobre a nossa existência é entendermos que precisamos falar de masculinidades e não de masculinidade. Como assim?

Masculinidade segundo o dicionário significa “conjunto de hábitos ou comportamentos típicos de homem.” Ou seja, aqui entendemos que existe um padrão de masculinidade, do que se espera do que é ser homem que são: ser fortes, não chorar, não ser sentimental, ser racional, usar violência como forma de resolver problemas – aquilo que socialmente se espera do comportamento típico do homem.
Por outro lado masculinidades, traz um olhar plural, o entendimento de que cada homem possui uma masculinidade, composta por um gênero (cisgênero = prefixo “cis” do latim ficar ou permanecer, ou seja, pessoas que permanecem dentro do gênero designado ao nascer; ou corpos transgênero = prefixo “trans” do latim atravessar, pessoas que não permanecem no gênero designado ao nascer), por uma questão racial branco ou negro, sexualidades, territorialidades – ou seja, cada homem constrói a sua masculinidade partindo de uma narrativa muito particular.
Mas o que masculinidades tem a ver com afetos?
Primeiro precisamos pensar que a concretização de emoções para os homens é um processo de desconstrução de uma masculinidade hegemônica, um padrão de práticas distantes do feminino e das emoções, de acordo com Raewyn Connell e James Messerschmidt no artigo Masculinidade Hegemônica: Repensando o Conceito.
Porém temos que nos perguntar, qual masculinidade ou tipo de corpo é designado ao afeto?

Quem consegue viver os seus afetos e tem a dimensão do que ele representa?
Se paramos para pensar nos filmes e no entretenimento, qual o padrão estético do mocinho que vai encontrar o seu par? Se aplicarmos isso até mesmo a filmes LGBTS, qual o padrão do boy principal das histórias? Não raro vamos nos deparar com um cara branco, sorriso perfeito e com um físico ideal, esse arquétipo de beleza masculina vai sendo introjetado de forma que associamos esse padrão aos nossos afetos. Como assim Reh?
Falar de afetos também é falar de privilégio, ou de vantagens e acessos. Se para você os afetos aconteceram naturalmente, sem nenhum estranhamento nesse processo, percebe um privilégio? Nas festas se você sempre é tirado para dançar por performar a masculinidade esperada e ter o físico esperado, percebe que isso é uma vantagem? Se você pode até mesmo escolher os seus afetos porque eles foram abundantes, consegue analisar que isso sempre estava posto para você?
Portanto, quando começamos a enxergar masculinidades e afetos, temos que repensar, quais são as raízes das minhas masculinidades? Será que meu padrão de afeto foi construído, ou diz respeito a ser genuíno? São análises necessárias para que possamos construir masculinidades saudáveis.
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Sobre Renato Morelli

Publicitário, pós-graduando em design de marcas, atuando na área da educação com planejamento pedagógico. Pisciano e amante de hambúrguer. Embaixador da ONG Todxs Brasil. Cofundador da ONG Acolhe +. Produtor de conteúdo sobre masculinidades, um espaço para discutirmos o que é sermos homens, como podemos produzir masculinidades saudáveis através do IG @papodemachona.
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